IAPUICÃ - A FILHA DO SOL
QUANDO O SOL DESCIA DE TRÁS DOS MONTES, SUMINDO NO HORIZONTE, PAJÉ SE PUNHA A CONTAR SOBRE O PRINCÍPIO DOS TEMPOS, O MUNDO E TUDO O QUE NELE HÁ...
- MAS E O QUE TEM LÁ FORA? QUEM HÁ DE CONTAR?
A PERGUNTA VEIO DE RAIO DE SOL.
ESSA INDIAZINHA NASCEU MESMO PARA SER DIFERENTE.
NÃO LHE BASTAVA TER O CABELO DIFERENTE, DOURADOS COMO O SOL.
A PELE DIFERENTE, BRANCA COMO A LUZ DO SOL.
OS OLHOS DIFERENTES, CLAROS COMO O SOL.
À ELA NÃO BASTAVA SABER AS COISA DA TERRA. TINHA TAMBÉM DE ESPECULAR SOBRE O QUE HAVIA ALÉM DO PRÓPRIO MUNDO. QUERIA SABER MAIS SOBRE OS CONFINS, ONDE REINA O SOL E PARA TANTO, PRECISAVA CONVENCER O PAJÉ A FALAR:
- ORA ESSA! LÁ FORA NÃO HÁ NADA ALÉM DE TUPÃ, JACEI...
-POIS NÃO QUERO SABER DE JACEI... QUERO É IR AO SOL... QUERO IR A COARACI.
DISSE A PEQUENA CURUMIM E PAJÉ SE ABORRECEU:
- MAS ONDE JÁ SE VIU? LÁ FORA SÓ HÁ O CÉU, NOSSO EIVAC QUE SÓ É RESERVADO A TUPÃ, JACEI, COARACI E GUERREIROS TRANSFORMADOS EM JACEI-TATÁ, AS ESTRELAS.
A INDIAZINHA, AINDA QUE MANTENDO O RESPEITO PELO SÁBIO DE SUA ALDEIA, NÃO ACEITOU A NEGATIVA AOS SEUS DESEJOS:
- AH, PAJÉ! MAS VEJA SÓ. TODOS DIZEM QUE SOU FILHA DO SOL... ENTÃO QUERO ESTAR COM MEU PAI. PRECISO SABER SOBRE O CÉU, PRECISO SABER SOBRE O SOL E UM DIA IREI TER COM MEU PAI COARACI...
PAJÉ SE ABORRECEU E NÃO CONTOU MAIS NENHUMA HISTÓRIA PARA OS CURUMINS ÀQUELA NOITE.
RAIO DE SOL NÃO DESISTIU. DEPOIS QUE TODOS FORAM DORMIR, SUBIU A MAIS ALTA MONTANHA QUE HAVIA POR AQUELAS MATAS.
ESPEROU ATÉ QUE CHEGASSE A PRIMEIRA LUZ DA MANHÃ E ENTÃO CHOROU, CLAMOU, IMPLOROU PARA QUE COARACI, SEU PAI SOL, A LEVASSE CONSIGO.
TANTO CHOROU, TANTO CLAMOU, TANTO IMPLOROU, QUE COARACI DECIDIU ATENDER-LHE O PEDIDO E A BUSCOU, LEVANTANDO-A COM UM PLÁCIDO E LUMINOSO RAIO DE SOL.
A ERGUEU ÀS IMENSIDÕES CELESTES E A TRANSFORMOU NA ESTRELA "IAPUICÃ".
AGORA RAIO DE SOL, É CHAMADA DE IAPUICÃ E ESTÁ SEMPRE LÁ. "SENTADA EM SEU LUGAR", À FRENTE DO SOL... A NÃO SER QUANDO CHOVE, POIS É QUANDO SE RETIRA PARA CHORAR AS SAUDADES DE QUEM FICOU NA TERRA.